sábado, 10 de janeiro de 2009

O dia em que o Brasil não foi Brasil...

TEXTO ESCRITO NO DIA 01/07/2006
APÓS BRASIL X FRANÇA
COPA DO MUNDO 2006

1º de Julho de 2006. Às 16 horas, horário de Brasília, entrava em campo onze jogadores com o objetivo de levar o Brasil a mais uma semifinal de Copa do Mundo. Para toda a torcida brasileira e também para o resto do mundo, o objetivo seria cumprido. Bastava uma simples vitória, e tendo o elenco que a seleção verde amarela tinha, não seria complicado triunfar naquele jogo. Os palpites eram altos. A vitória brasileira era dada como certa. O clima de revanche existia. Era impossível esquecer a derrota de oito anos atrás, em plena final de copa, quando um camisa 10, de nome Zinedine Zidane, entrou no Stade de France, marcou dois gols e tirou do Brasil o sonho do pentacampeonato. Zidane se tornou um carrasco brasileiro.
Sem problemas com Ronaldo, que em 1998 teve problemas de saúde pouco antes da decisão, a seleção brasileira já estava em campo, pronta pro duelo, que pelo clima criado pela imprensa e também pela torcida, parecia apenas um simples amistoso. E foi assim que o Brasil decidiu disputar a vaga. Era fácil perceber pelas jogadas e pela movimentação que os atletas entraram mesmo com o clima de tanto faz.
Mas esqueceram de avisar para eles, que do outro lado, tinha uma equipe forte, de tradição e de muita experiência contando com jogadores campeões em 98, como Thuram, Barthez e exatamente ele... Zinedine Zidane.
Já tinha uns vinte minutos quando o Brasil parou. Parou dentro de campo, porque fora dele, o país já estava parado desde a estréia na copa, no dia 13 de junho. O mundo começou a ver uma seleção desencontrada, que não conseguia render nem um pouco do futebol que se era esperado. Os laterais subiam com pouca objetividade e não conseguiam retornar para ajudar na marcação, o meio de campo errava passes, até mesmo Kaká, que vinha sendo o nome brasileiro nos jogos anteriores. Ronaldinho Gaúcho parecia ter ficado no vestiário. Juninho de que todos esperavam muito, fez simplesmente muito pouco. Zé e Gilberto, que substituía Emerson, sofriam para marcar o veloz meio campo francês. O fenômeno?! Deu uma cabeçada nos primeiros minutos e depois nem deu as caras. Com isso o jogo ficou fácil para a França, ou melhor, para Zidane, que com dribles desconcertantes e passes precisos desmontou o que o Parreira chamava de esquema tático e com isso levava a sua seleção com intensidade ao ataque. Nos acréscimos os franceses tiveram bolas paradas para tentar o gol. Em uma delas, o arbitro espanhol Luis Medina Cantalejo, ignorou um pênalti no toque de mão de Ronaldo. Com o apito do fim do primeiro tempo, a torcida brasileira voltou a respirar, e esperava modificações para a etapa final.
Recomeça o jogo, e uma das seleções teriam os seus 45 minutos finais na copa da Alemanha. Nenhuma substituição fez Parreira. E nenhuma substituição aconteceu com o clima da partida. A França parecia fazer o jogo da vida, e o Brasil um jogo treino. A pressão era enorme e o Brasil não segurou por muito tempo. Aos 12 minutos, falta para Zidane levantar na área. E com grande competência, ele a ergueu no segundo pau, onde apareceu Thierry Henry livre de marcação para estufar a rede no estádio de Frankfurt. França 1x0.
O que seria fácil se tornou difícil. O Brasil buscava as jogadas, mas não conseguia chegar à finalização. Depois de longa espera Parreira resolveu arriscar. Colocou em campo Adriano, montando novamente o “Quadrado Mágico”. Cicinho e Robinho também entraram. Mas nada mudou. O que era fácil e se tornou difícil, virava uma missão impossível. Já passava dos 40, quando Ronaldo fez o que era esperado, não o gol, mas o primeiro chute do Brasil. O tempo virou inimigo. Nos acréscimos falta perigosa para o melhor jogador do mundo cobrar. O olhar fixo na trave, trave que ele marcou um dos gols contra a Argentina, dando ao Brasil o titulo da Copa das Confederações no ano anterior. Silencio no estádio. Daquele local dificilmente Ronaldinho erraria, mas ele errou... Chutou para fora... E com a bola, foi à esperança brasileira do hexa. Já não havia tempo pra mais nada. O inesperado aconteceu. O espanhol pediu a bola e apontou o centro do campo. Acabava ali, em Frankfurt o tão sonhado sexto titulo mundial.
Novamente Zidane destrói o Brasil ao lado de seus companheiros, e mostra há muitas pessoas que pode sim estar velho, mas não esqueceu de como se joga futebol. Com velocidade de menino, ousadia de craque e cabeça de gênio, Zidane prorroga sua aposentadoria. Terá mais 180 minutos para mostrar ao mundo que mesmo parando tem muito mais futebol que vários imaginam. E é com esse futebol que ele pode colocar o ponto final de sua carreira erguendo no dia 9 de Julho, em Berlim, a taça que ele deu para os franceses em 98. A taça de campeão do mundo de 2006.
No Brasil, já era noite. As festas planejadas para o fim da partida, se tornaram em locais silenciosos, a torcida chorava a eliminação precoce e pedia o fim da Era Parreira e Zagallo na seleção. A certeza de que tudo acabou era difícil de ser aceita. A preparação de quatro anos foi embora junto com a esperança. E o céu representava o sentimento brasileiro. A escuridão e o ar sombrio simbolizavam a dor da eliminação, a forte luz da lua era ofuscada pelas nuvens, mostrando que nem sempre o maior brilha, e as estrelas estavam lá... E vão continuar esperando a hora de serem chamadas para se juntarem as outras cinco, que só o Brasil tem orgulho de ostentar.

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