terça-feira, 23 de dezembro de 2008

É o mais justo! Mas nem a taça sente emoção...

Ontem pela noite recebi um telefonema. Quando atendi percebi pela voz meio engasgada que era a Taça do Campeonato Brasileiro. Um pouco preocupado pela tristeza da Taça, tentei acalmá-la, mas ela não me deixou falar muito. Em tom de desabafo ela disse:
- Estou em depressão. Desde de 2003 a minha vida mudou bastante. Antes eu era cobiçada por todos, na verdade continuo sendo. Mas tudo perdeu a graça. Culpa desse maldito sistema de pontos corridos.
Meio sem entender, perguntei para a Taça o verdadeiro motivo para tanta tristeza. Ela resolveu me explicar e aí sim comecei a dar razão para ela.
- Sabe Cézar, antigamente eu estava presente nos estádios. Eu era levada para o local da decisão cercada por seguranças, e na beira do gramado eu acompanhava a final do campeonato. Logo no último apito do juiz, o time campeão comemorava e eu conhecia com quem eu passaria os próximos meses. O momento que eu era entregue aos campeões, sentia aquele calor humano, o capitão do time me erguia e lá de cima eu via aquela multidão de torcedores festejando junto com os jogadores. Logo depois, nos braços dos campeões eu saia em direção à torcida, e ali fazíamos a volta olímpica. Neste momento me sentia a coisa mais importante do mundo. Está semana, vi pela TV a minha prima, a Taça Sul-Americana sendo carregada pelos colorados. Que inveja senti dela.

Neste momento ela se calou. Tentei amenizar a situação dizendo que no domingo ela também seria carregada. Foi quando num tom mais ríspido ela me respondeu.
- Você acha que serei carregada no domingo? Você está completamente enganado. Nem sei para onde vou. Vou para Brasília ou vou para Porto Alegre? De onde sairá o campeão? A minha vida é assim agora, repleta de incertezas. Espero todo o campeonato para saber quem será o vencedor. E quando é conhecido o campeão, vejo de longe uma cópia falsificada sendo erguida, ela sim está no momento mais importante. No jogo que valeu o título. Eu, a verdadeira Taça do Campeonato Brasileiro fico guardada e sou entregue apenas depois. Este ano serei entregue em uma cerimônia. Como nos anos de 2004 e 2005. Sem a presença da torcida. Sem o grito de campeão. Apenas posarei para a foto com o capitão trajando um terno, que ele só usa para ir receber esse prêmio. O restante da equipe estará em casa descansando da festa de domingo. Festa feita com a taça falsificada. Aí quando eu embarcar para São Paulo ou Porto Alegre não terá mais graça. Todos já saberão quem foi o campeão. E a taça comprada pela outra equipe que tinha chances de ser campeã acaba sendo jogada fora, ou fica para a próxima temporada. Aaaah.. nem mesmo a horrorosa e velha Taça de Bolinhas sofreu tanto guardada no cofre da Caixa Econômica como eu tenho sofrido agora. Nem quando fui entregue no gramado em 2003, 2006 e 2007 senti tanta emoção. Todos já tinham festejado. Só fui erguida um jogo depois. O que eles chamam de jogo da entrega das faixas. Até nisso perdi meu posto. As faixas já tomaram o meu lugar também...

Ainda mais triste depois do desabafo, ela se despediu dizendo:
- Caso você ainda tenha interesse de ver a verdadeira Taça de Campeão Brasileiro, assista pela TV a entrega do prêmio Craque do Brasileirão... Caso contrário guarde apenas a foto da comemoração do estádio com a cópia. Já estou me acostumando...



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